sábado, 5 de dezembro de 2009

SOU ROSA...


Filha da puta e do descaso...
pelas mãos da mendicância alugada,
 tive meu país como padrasto, políticos apadrinharam e tutelaram minha infância.
Sou Rosa, sem sobrenome só Rosa...
Menina de rua, ganho a vida vendendo rosa.
Pés descalçoas, lá vou eu... em noites gélidas a tremer de frio, atormentada pelo medo dos maltratos
tantas vezes sofrido.
Rosa sangrando e sufocada, caída ao chão, em meu corpo as marcas da inocência tirada,
mãos gigantescas e frias sufocaram o meu grito e com violencia abriram minhas pernas,
boca fétida de bebida, com ânsia sugava meu corpo e mordia meus seios recen-desabrochados;
dedos violentos e agéis abriram e entraram em minha intimidade.
O suor brotava torrencialmente de minha pele,
as lágrimas escorriam e empossavam em meu ouvido.
Fui penetrada, com brutalidade rasgada...
Choro baixinho, a ninguém posso contar,
carrego comigo a rosa, o segrêdo e o pavor de quem me estrupou.
Sou Rosa calada...
a olhar as vitrines de doces e balas com a boca a salivar,
e pelas ruas distraída a caminhar,
rosa vermelha minha predileta, sonho com o dia que alguem dará uma rosa para Rosa...
Uma freada e voo alto...
tão alto como meus pensamentos.
Rosa espalhadas no chão e sobre o meu corpo inerte,
rosa vermelha cor de sangue.
Indagam quem sou...
consigo murmurar,
sou Rosa...
fecho os olhos pra nunca mais abrir,
só Rosa.

4 comentários:

  1. Realmente muito triste, mas retrata a realidade de muitas meninas, que são forçadas pela circunstâncias a vivenciar esse tipo de coisa.
    Parabéns pelo conto e também pela idéia de escrever para nós, assim poderemos conhecer um pouco de sua alma artista.

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  2. Realmente muito triste ver que o texto é o retrato fiel de uma realidade que cresce a cada dia em nossa sociedade, uma pena que tantas histórias se resumam a uma só, com pequenas diferenças, não a abrandar a dor e sim à acrescentá-la ainda mais...

    Renato Bernardes

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